terça-feira, 30 de setembro de 2008

Quero ser abduzida, por favor, me tirem daqui!!!!!!!!! de Theodora Speranza (é a última que morre)

Meu querido amigo Leonardo,

Preciso repartir algumas coisas com vc. Como sinto saudades do seu humor, das nossas risadas, dos seus carinhos, das nossas conversas madrugada adentro. Sei que vc ficará triste tb, mas eu não aguento mais viver! Perdi o sentido da vida. Não foi por algo ou alguém especificamente, mas por um acúmulo de experiências dolorosas e decepções. Vc sabe que sempre lutei como uma brava guerreira. Desisti, não quero mais lutar. Preciso ir embora daqui, correndo. Me ajuda, quero voltar. Não quero mais morar aqui. Vamos para Toscana? Quero ir ao Parque da Nicki. Vc sabe o quanto o seu documentário sobre essa grande artista me tocou, me influenciou e nos aproximou definitivamente. Lembrar, pensar em vc, me conforta , preenche um vazio terrível que estou sentindo agora.
Vem me ver aqui no Rio, vamos conversar, eu decidi, quero morar com vc na Itália. Sei que vc me fez essa proposta há seis meses atrás. Vc ainda me quer? Fiz tudo aquilo que vc me sugeriu. Que fosse viver as coisas que ainda precisava experimentar e assim poder me aquietar. Não sei se vou conseguir isso, mas gostaria de tentar. Sempre tive medo de casar, vc sabe muito bem disso. Vc é especial, único. Me deixou livre, confiou no nosso amor, teve muita paciência. Obrigada meu amor. Mesmo que vc não me queira mais como sua mulher, seremos amigos forever. Eu te amo. O nosso amor me mantém viva, forte e feliz. Quase me afoguei mais uma vez. O universo é tão maravilhoso, que no instante mais desesperador, ouvi o barulhinho da caixa postal do meu computador, quando abri o programa, vc apareceu, como um milagre. O milagre da transformação.
Amore mio, vc sempre aparece quando mais preciso de vc, e o mais especial é que não preciso me manifestar, apenas pensar. Eu estava assim, azeda, com muita raiva, tristeza e decepcionada. E agora já me sinto renovada e confortada. Pronta para continuar essa rica jornada.
Sei que vc adora os meus desabafos, manifestos, por isso, decidi incluí-lo nesse e-mail. Saudades. Aguardo um breve retorno. LoveU, Theodora

Desabafo Cara de pau

Estou perplexa e estarrecida!!!!!!!! Fui descartada, jogada como Gregor Samsa, numa lata de lixo. Muito triste o fim desse rapaz. Como é atual esse conto. A diferença entre mim e ele é que não me tornei um inseto asqueroso, mas uma mulher bonita, corajosa, impetuosa, sensível, criativa, carinhosa, frágil, agressiva o suficiente para conseguir me manter viva nessa tecno-selva imperialista machista tupiniquim e idiota.
Mais uma dose por favor, mas dessa vez fatal.
Meu nome não é Gal. E não me peça mais para chupar o seu pau, muita cara de pau!
Houston, Houston... We have a problem. Can you hear me?
I thought he was the man, man, but the fucking guy is like the others and worse. É travestido, mascarado de maluquinho, sensível, brilhante, doidão irresponsável. Por que ser artista para alguns é agir de forma inconsequente (com trema ou sem trema? Eis a questão!) Acha que está sendo diferente, irreverente. Pensa que está andando na contra-mão da cultura, mas age igual aos caras que critica, tudo pura ilusão de ótica. Tudo fachadão!
"Mais que nada, sai da minha frente que eu quero passar..."
Quero ser abduzida! Me levem para bem longe daqui. Quero reencontrar os meus mortos.
Por onde anda Baby Consuelo? Alguém sabe, será que ela foi abduzida? Saudades das loucuras e da voz dessa talentosa artista, do humor dela. Volta Baby, Baby please!
Nesse mundo midiático, "imediático", volátil, fútil, vazio quem não é alguém, não é ninguém.
Sou de verdade na vida, não passo batida por ela. Busco intimidade, profundidade, intensidade, troca de experiências, de energia. Os encontros por mais efêmeros que sejam não podem para mim ser vazios, pelo contrário, a intensidade, capacidade de entrega, fazem desse precioso instante algo para ser lembrado com alegria. Bons encontros, belas experiências, contatos, com os olhos, com a boca, com as mãos, tesão, alegria e gozação. Os que jogam fora esse tipo de encontro mágico sexual celestial, instantâneo ou não, que tratam de forma leviana são os antigos senhores feudais, com um look cú contemporâneo. Eles fazem parte da tribo dos BBB's Bobos, babacas e bestas. Inteligência não é acúmulo de informação, mas quantidade/ qualidade vivida e assimilada de fato. Resignificação, criatividade.
O que me restou depois desse decepcionante encontro? Uma enorme solidão, preenchida com palavras, imagens e sons. A Santa Deusa da Arte me mantém erguida. As vezes acho que irei sucumbir. Aí vem a santa Inspiração e vc, e me tiram desse estado deplorável. Obrigada pelo seu amor e admiração por mim. Ninguém nunca me fez sentir tão valorizada como vc Leonardo.
Te Amo,
Theodora

domingo, 28 de setembro de 2008

Frejat no Show "Intimidade entre estranhos" no Canecão 2008 foto e filminhos luliX pandaglia sem fins lucrativos apenas afetivos expressivos.






Se vc não gostar Frejat eu tirarei na mesma hora tudo. Apenas uma lembrança afetiva de um show que me emocionou do começo ao fim e me deixou com gostinho de quero mais, assim como, meus amigos. Espero assistir "Intimidade entre estranhos"novamente.
Bjs,
luliX


Amor meu grande amor Rô Rô na voz aveludada de Frejat - desculpem a falha técnica o filme acaba antes da música. Um faha Baga Cine

sábado, 27 de setembro de 2008

Frejat no Canecão cantando para luliX que se acha. hahahaha

"Por você" é tudo Frejat. Acho que quase todas as mulheres gostariam de ouvir e viver isso com um homem, ainda mais você! Sua mulher é uma sortuda de compartilhar a vida com um homem tão bonito, sensível, inteligente, talentoso e pelo visto bom pai. Parabenizo tb a sua mulher pelo talento do filho de vcs. Um puta guitarrista. o garoto tem muito futuro e é um astral e lindo no palco. Foi emocionante ver pai e filho juntos.

Esse foi o primeiro filminho Baga Cine. Tudo o que vc assistir nesse vídeo poema é pura ficção, delírio de amor. Ode ao Amor ou Um Amor Platônico.

Obra poética multimídia sem fins lucrativos, apenas afetivos, expressivos e nada mais...

Hoje é dia de São Cosme e São Damião Protetor dos médicos, farmacêuticos e das crianças.Viva São Cosme e São Damião!



São Cosme e São Damião

São Cosme e São Damião, que por amor a Deus e ao próximo vos dedicastes à cura do corpo e da alma de vossos semelhantes, abençoai os médicos e farmacêuticos, medicai o meu corpo na doença e fortalecei a minha alma contra a superstição e todas as práticas do mal.Que vossa inocência e simplicidade acompanhem e protejam todas as nossas crianças. Que a alegria da consciência tranqüila, que sempre vos acompanhou, repouse também em meu coração.Que a vossa proteção, São Cosme e São Damião, conserve meu coração simples e sincero, para que sirvam também para mim as palavras de Jesus: "Deixai vir a mim os pequeninos, pois deles é o Reino dos Céus".
São Cosme e São Damião, rogai por nós.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

A UM AUSENTE de C. Drummond de Andrade

Dedico esse vídeo poema a vc Elflores que partiu!

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Jardim Interior de Mario Quintana

Baiana: ilustre personalidade da noite Carioca.


Encontrei com a Baiana essa semana no Corujão da Poesia e da música. Cumprimentei-a com todo respeito e reverência. Perguntei se podia fotografá-la e colocar suas imagens no meu blog. Ela adorou a sessão que fizemos e concordou. Me deu uma rosa e disse: "alguém te fere com um espinho, mas em seguida vem alguém que te dá uma rosa sem espinhos". Eu perguntei o que havia acontecido. Ela respondeu que estava triste, tinha sido convidada pelo dono de uma casa noturna no Leblon para participar de uma festa e quando chegou, o dono não estava e o gerente não permitiu a sua entrada. Me falou emocionada que isso nunca tinha acontecido com ela.
Baiana é uma ilustre figura da noite Carioca. Uma mulher que irradia beleza, alegria, amor, respeito, dignidade, força, coragem, diplomacia para lidar com os malucos da night e muito bom humor. Como não reverenciar e honrar uma mulher como ela? Uma mulher com uma puta dignidade e um monumento vivo da noite Carioca. Viva Baiana!!!!!



Baiana boa


terça-feira, 23 de setembro de 2008

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Manifesto e conjecturas sobre o comportamento dos homens brasileiros, classe média da zona sul do Rio de Janeiro

Que cultura machista babaca a nossa que acha que o homem para ser homem com H maiúsculo tem que ser predador, pegador, fodedor em série. Agora se a mulher for tb uma predadora, ela é considerada uma vadia, piranha. Precisamos parar para pensar sobre essas coisas.

Por que uma mulher não pode simplesmente ser amiga de um homem? Por que sempre tem que rolar sexo? Ou tentativa de? Por que as pessoas estão se separando e não estão querendo se comprometer com ninguém, com nada? Ou por que outras ficam acomodadas até morrer num relacionamento infeliz? Por que tanta traição? Não fomos talhados para a monogamia e insistimos desesperadamente em acreditar que só existe um único amor nessa existência. Seria muito pobre e chata a vida. E para alguns é assim, mesmo com muita grana e muitas traições.

Esse manifesto se desenvolveu a partir de conjecturas, experiências pessoais e de pessoas próximas do sexo feminino. Nós adoramos os homens, mas estamos insatisfeitas! As vezes pensamos que eles não existem mais. Um homem que queira nos conhecer e não apenas foder. Mesmo que o encontro seja apenas para isso, que exista um respeito pelo tesão, pela sacanagem gostosa e química que rolou entre os dois naquele momento.

Estou perplexa com uma faceta de muitos homens da classe média da zona sul do Rio de Janeiro, são fofoqueiros! Adoram se gabar. Contar vantagem, expondo, denegrindo desnecessariamente a imagem das mulheres. São desleais com as suas mulheres. São leais ao seu pau e aos amigos, pois vivem competindo entre si. Estou falando por mim, e por algumas mulheres que como eu estão muito insatisfeitas com o comportamento desses homens. Outros as iludem sem parar e na hora H, caem fora, sem nenhuma explicação. Muita covardia. Esses homens não cresceram e atrapalham a evolução da humanidade, pois multiplicam-se através dos filhos que perpetuam esse mesmo tipo de comportamento. E têm muitas mulheres tb que compactuam com isso tudo. O que é a mulher melância? E todas essas frutas tropicais? Muitas mulheres se prestam a tudo por dinheiro. Vulgarizam-se, submetem-se, viram mercadorias que são rapidamente assimiladas e descartadas. Outras engravidam e têm filhos para ganhar uma pensão vitalícia, para prender o homem.
Não fazemos parte dessa mesma espécie!!!!!!!!!!!!

Fui criada convivendo com três homens e nunca vi o meu pai falando vulgarmente de uma mulher. Mesmo que a achasse gostosa, bonita, sensual, os elogios eram sempre elegantes. Me lembro tb dele falando para os meus dois irmãos que em mulher não se bate nem com uma rosa. Todas as vezes que eu o ouvia falando isso para eles ou como deviam tratar uma mulher, pensava, nossa que homem maravilhoso que sabe se relacionar e apreciar as mulheres devidamente. Nós merecemos ser muito bem tratadas. Somos amigas, afetivas, companheiras, trabalhadoras, guerreiras, inteligentes, bonitas e gostosas. Deusas-Mães divertidas, inteligentes, sensíveis e fogosas.

Me falaram que homem não gosta de mulher inteligente. Eu não acredito nisso e nem posso acreditar, se não estaremos todas ferradas. Será que teremos de nos contentar com os rabbits da vida, ou com relações efêmeras, vazias, destituídas de qualquer afeto?
Sexo é maravilhoso e divino. Como reduzir um encontro sexual, apenas a ação mecânica do ato em si, como se não houvesse duas pessoas, almas, mas apenas uma bunda, um peito, uma buceta, um buraco para meter o pau e descarregar toda a energia sexual?
Espero que parem e pensem um pouco sobre a atitude de vcs em relação as mulheres e o sexo.

Quero viver num mundo com "gente fina, elegante e sincera."

luliX pandaglia

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Intercâmbio de idéias

Queridos amigos e visitantes,

Vcs não imaginam o quanto é importante e rico os comentários. Esse é um espaço de troca, de intercâmbio de idéias, de liberdade de expressão, de convivência com as diferenças. Comentem, por favor.
Bjs,
luliX

Quem tem medo de luliX pandaglia?


Foto Julio Pereira

Alê Gabeira

Amor no Sec. XXI

Fico devendo o nome da atriz e do texto. Uma Falha Baga Cine...

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Mensagem do Evandro Mesquita para Jorge do Bem Jor

Mestre Jorge
Mostra Jorge
O que há de bom
o que há de ben
o que há de melhor
Jorge Ben Jor
bjs
evandro

A Oração do Corujão


É sempre bom lembrar, é sempre bom rezar. Quem canta reza duas vezes e seus "males espanta". Que oração poderosa. Vamos cantar!
Salve Jorge!
Viva Jorge!

Jorge Da Capadocia
Jorge Ben Jor

Jorge sentou praça na cavalaria
E eu estou feliz porque eu também sou da sua companhia
Eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge
Para que meus inimigos tenham pés e não me alcancem
Para que meus inimigos tenham mãos, não me toquem
Para que meus inimigos tenham olhos e nao me vejam
E nem mesmo um pensamento eles possam ter para me fazerem mal
Armas de fogo,meu corpo não alcançará
Espadas, facas e lanças se quebrem, sem o meu corpo tocar
Cordas, correntes se arrebentem, sem o meu corpo amarrar
Pois eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge
Jorge é de Capadócia, viva Jorge!
Jorge é de Capadócia, salve Jorge!
Perseverança, ganhou do sórdido fingimento
E disso tudo nasceu o amor
Perseverança, ganhou do sórdido fingimento
E disso tudo nasceu o amor
Ogam toca pra Ogum
Ogam toca pra Ogum
Ogam, Ogam toca pra Ogum
Jorge é da Capadócia
Jorge é da Capadócia
Jorge é da Capadócia
Jorge é da Capadócia

A Cavalaria de Jorge e luliX de Maria


Louvação a Jorge e a João: dois guerreiros do Corujão.


Salve Jorge! Uma honra conhecê-lo ao vivo e a cores. Ter vc como um dos caros e queridos padrinhos de um movimento tão importante e revolucionário como o Corujão da Poesia e da Música é um benção. Vc personifica a alma carioca e mais ainda, brasileira. O seu compromisso com a vida e a nossa comunidade brasileira, com a alegria, a música, os encontros, a arte, a educação, se traduz em gestos. Comprometimento com algo que vai além de nós mesmos, que pertence a humanidade, a evolução da vida. Isso é eternidade. Isso é humanidade, consciência de grupo, rede de contatos, as tramas e os dramas: o paradoxo, a vida.

Jorge Ben Jor, bravo guerreiro brasileiro, com armas sonoras que vibram, ecoam dentro de nós, provocando a vontade de dançar e cantar, celebrar e compartilhar.

Um homem profundo e interessante que continua buscando o conhecimento espiritual. Dos alquimistas ao mergulho nos estudos de São Tomas de Aquino, dividindo as suas descobertas, aprendizados, naquele instante mágico, para sua cavalaria e filhos de Maria. E atenção, ele avisa através de Aquino: somente nós seres humanos somos capazes de estabelecermos contato com os seres angelicais. Demais!!!!

Esse mutirão artístico-afetivo-político-biopsicosocial, espiritual, etc e tal... idealizado e coordenado pelo adorável Mestre João Luiz, tem possibilitado a emergência de novos talentos, encontros artísticos, socio-educativos, lúdicos, afetivos, sexuais. "A gente não quer só comida, a gente quer comida diversão e arte."Isso é um luxo nos tempos das grades e dos condomínios.

Viva o João, o Corujão, as bibliotecas, os encontros que acontecem em torno da poesia e da música.
Que pessoa incrível, o João, que é capaz de criar e manter um evento dessa importância na madrugada do Rio de Janeiro por praticamente 3 anos. Impressionante! E cada dia fica melhor! Alavanca a carreira de vários artistas e pessoas. São encontros espontâneos e transformadores. Ninguém passa por alí impunemente ou fica indiferente, e quem fica "é ruim da cabeça ou é doente do pé.". Esse homem tem a capacidade de reunir pessoas das mais variadas camadas sociais, idades, credos. João é capaz de juntar, unir, agregar, ver, incluir, incentivar, educar, afetar, multiplicar talentos. Com esse trabalho ele modifica definitivamente o modelo de educação e socialização. A nossa saída e salvação é a educação através da arte.
Viva o João e o pessoal do Corujão!
Salve Jorge!
Amem e criem para o nosso bem!
Amém!



sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Das páginas policiais de Dudu Caribé

Não percam a interpretação hiper-realista

de Roberto, o poeta atormentado.

Mc Pablo, Mari Jane e Elano no Corujão Off

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Aniversário de 15 anos do Sidney no Corujão


Fiquei emocionada com o Sidney, filho da nossa querida Beti, que escolheu passar o seu aniversário no Corujão, entre poetas, músicos e amantes da arte.
Beti parabéns, você cria muito bem o seu filho. Ele é demais. Um luxo de menino, interessante e interessado.
Ontem ele ganhou de aniversário a possibilidade de escolher o livro que quisesse ter. Para minha surpresa e admiração, Sidney preferiu um livro de poesia contemporânea. Impressionante ...
Pedi para ele selecionar uma poesia para nós gravarmos um primeiro ensaio para o Corujão Off. Esse jovem rapaz me deixou profundamente tocada com a sua disponibilidade , vontade de aprender, de expressar-se, o desejo de participar lendo, a coragem de errar, de superar barreiras, limitações.
Antes de iniciarmos a gravação, falei algumas coisas para ele, entre elas que selecionasse as palavras que não soubesse o significado. Apontei a importância de entender o que estamos lendo. A partir disso, começamos um lindo exercício de como usar, manusear o precioso dicionário, às sete da manhã. Foi incrível! Só expliquei uma vez e rapidamente ele já estava pesquisando sozinho. Comentei que ninguém sabe tudo, que estamos sempre aprendendo e não devemos ter vergonha de perguntar sobre aquilo que não sabemos. Que o dicionário é uma ferramenta fundamental para o enriquecimento do nosso vocabulário, ampliando o nosso universo linguístico.
Vocês assistiram a segunda leitura com apenas três rápidos ensaios.
Agora com a posse do livro e tempo para debruçar-se sobre a obra, imaginem o desabrochar desse lindo jovem rapaz. Ele merece todo o incentivo do mundo.
Sidney, nós torcemos por vc. Vai que é sua garoto!
Bjs,
luliX

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Amendoeiras de Setembro


foto luliX pandaglia @ 2008

Corujão Off - o retorno - A Morte Do Deus Televisão: um improviso de Dudu Caribé. Realização luliX pandaglia

Não percam a segunda parte do Corujão Off da semana passada.
Inédito.
Não percam o monólogo de Dudu Caribé.
Por favor comentem, pois a opinião de todos é fundamental. Bjs, luliX

domingo, 7 de setembro de 2008

Alice nosso Anjinho Barroco.
Nina o nosso outro anjinho, tropical.
Viva a renovação!

Comissão de frente do Corujão da Poesia

Um luxo só!
Bjs,
luliX










Luli,

" Entre as folhas, as sombras e as sobras das amendoeiras, sua lux, lulix, reflete e transborda!
Muito bacana! Expressa-te, Pandaglia!Beijos estalados! Mariana."

sábado, 6 de setembro de 2008

João Luis disse:

Amei o primeiro vídeo e a iniciativa do Corujão Off. Até aí somos o máximo: dentro e fora. Ah, Luciana, que bom o nosso encontro. Bem-aventurada a hora que o Sagrado nos fez sentar à mesma mesa naquele domingo pós-fime "O Mistério do Samba".Sigamos juntos!!!
6 de Setembro de 2008 03:26

luliX pandaglia disse
Querido João,
Fico emocionada com as suas palavras. Considero tudo isso sagrado, e o Corujão inclusive. Não foi apenas o Sagrado que nos fez sentar a mesa no mágico e revelador domingo. Vc me convidou para sentar, pois se não tivesse tido essa iniciativa, a minha timidez não me permitiria ir ao encontro de vcs naquela noite feliz. Feliz de saber que como eu, vc foi influênciado pela minha querida tia, mais mãe do que tia, pois colaborou de forma definitiva para o meu desenvolvimento como pessoa. Tanto no plano intelectual, mas antes de tudo o humanístico. O respeito por todos os seres, independente de classe social, poder, grana, cultura. Aprendi com ela o amor pela vida, pelos seres,pela arte, educação. Vc me fez lembrar uma coisa que o meu pai me falou antes de morrer. "As duas coisas mais importantes que deixarei para vcs são: o amor que vivi, senti por vcs filhos, por sua mãe, toda a família e amigos e a educação que pude proporcionar, lembre-se que isso ninguém pode roubar. Vc pode passar por momentos de dificuldades, mas tenha certeza de que com esses dois bens preciosos, nada lhe faltará. Sábias palavras de Albert que tb tive a honra de ser filha. Obrigada João por vc existir, pelo seu incentivo e palavras de carinho. O mundo fica bem melhor com a sua presença. Bjs,luliX
6 de Setembro de 2008 12:53

Jardim das Amendoeiras ou Amendoeiras Urbanas: estudos.


Foto: André Blas e interferência: luliX pandaglia

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Primeiro Vídeo do Corujão Off: uma experiência espontânea

Estrelando Leila Oli (Vocal) e Rhudson Lewkyan (cavaquinho e vocal)
Participação especial: Dudu Caribé (Violão e voz) e meninas no vocal
Monólogo improvisado, criado pelo próprio homem que veio de Marte. Não revelou sua identidade aqui na Terra.
Figuração no final monólogo: Salvatore fumando um cigarrinho.
Idéia, realização e vocal rouco: luliX pandaglia

All we need is hug...




Abraço grátis ou Free hugs é uma linda e significativa campanha.

"ALL WE NEED IS HUG...pampampampam..."

Abraço grátis quem vai querer?

Abraçar é muito bom. Promover esse tipo de contato afetivo é o que todos nós precisamos.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

luciana
lar pois é doce de conviver!
única na maneira de agir!
cristal raro.
ilumina quem precisa.
amável mulher.
nobre de espirito.
ana de luz.

Rodrigo Anunciação/anjo negro poeta dos analfabetos.

Obrigada Anjo Negro pelo poema, sinto-me lisonjeada.
Bjs,
luliX



Como Samira era linda! Que olhar e que sorriso! Que pessoa!

Emoções eu vivi e ainda estou vivendo...
Queridos,
Eu não paro de me emocionar. Que carta linda que o João escreveu. Repasso, pois nunca é demais reverenciar uma mulher do seu quilate. Um luxo total na maior simplicidade.
Como tenho orgulho da nossa Samira, da nossa família. Vamos fazer uma homenagem no Corujão? Mais do que merecida. Ela iria amar esse movimento, evento, manifestação espontânea de poesia, literatura, música e núcleo de inclusão social: encontros afetivos, expressivos. Tudo a ver com ela.
Vamos tb inaugurar a praça no Fundão?
Bjs,
luliX

Tuesday, September 02, 2008 3:56 AM
Subject: Re: Emoções eu vivi e ainda estou vivendo...
Acho a idéia maravilhosa. A Professora SAMIRA MESQUITA, que sempre tratou a Cultura Popular Brasileira como um SABER à altura dos SABERES ACADÊMICOS e promoveu o Histórico Curso de Extensão em Cultura Popular Brasileira, no Largo de São Francisco, nos anos de 1986/87 merece inúmeras celebrações. Ela nos influenciou profundamente e fez a muitos compreenderem melhor nosso PAÍS e nossa GENTE, com uma reverência ao fazer cultural de todos, o que ainda hoje dá prumo, conteúdos, diretrizes, utopias e norte a muitos educadores, artistas e intelectuais.
Jamais me esquecerei do andar elegante, a indumentária original, os adereços e a conversa generosa onde todos os fazeres e saberes eram contemplados com a mesma generosidade e a mesma curiosidade intelectual. Tudo era objeto de estudo e reflexão. Professora SAMIRA semeou respeito às coisas relaciondas a identidade brasileira sem descuidar de nossa necessidade de diálogos com o mundo. Tal como DARCY RIBEIRO, não se intimidava ou se empavonava com as glórias acadêmicas. Ela abria a mente e o coração para as criações e manifestações do POVÃO, abrindo-lhe, inclusive, as salas de aula da UNIVERSIDADE para que esse mesmo POVO nos ensinasse a sabedoria que o faz resistir as adversidades com alegria e criatividade. Professora SAMIRA vive em nós, através dos seus ensinamentos e de sua meiguice. Nunca a esqueceremos. Fosse numa sala de aula, nos coredores, na cantina, nos debates e seminários, Ela era sempre uma voz que ouvíamos em silêncio reverente, pois sabíamos que alí havia SABEDORIA, muito mais do que mero conhecimento frio. O seu SABER estava a serviço do BRASIL, posto que nunca deixou de socializá-lo com os muitos (MUITOS) alunos que cruzavam seus caminhos. Viva Professora SAMIRA!!!
Bem-Aventurada seja toda a família da Professora SAMIRA!!!
AXÉ!!!
João Luiz de Souza.
Poeta e Assessor de Cultura da UNIVERSO-Universidade Salgado de Oliveira.

Dumas querido,
Adoro a sua percepção e opinião. Obrigada por ter deixado um comentário divertido, carinhoso e poético como vc.
Estou fazendo um estudo das amendoeiras do ponto de vista da minha janela, estou na etapa de exploração, de descobrir as inúmeras possibilidades de olhar para uma mesma coisa. Definitivamente, esse exercício amplia a nossa visão de mundo e isso me agrada muito. Depois vou pedir para as pessoas que visitarem o blog para votarem nas melhores fotos e depois fazer uma seleçào mais refinada. O que vc acha?
I love U, luliX

ps: Ainda não revelarei a origem de pandaglia para instigar a sua curiosidade e criatividade. A sua percepção a respeito do nome faz todo sentido. Tem gente que associa com pândega, que tem tudo a ver.
De onde vem esse Pandaglia? Nome com cara de risada, de gargalhada.Gosto das amendoeiras de baixo pra cima, descortinando nuvens que descontinam o céu , o sol , a extratosfera. Gosto de você com essa plenitude fractal. Na folha , nas unhas, no meio fio.Gosto de você , ponto final. Dumas
2 de Setembro de 2008 13:08
Valeu Elvis pelo incentivo. Fiquei emocionada com a sensibilidade do seus comentários. Vc sabe da sua importância na minha formação artística, familiar e da nossa amada Samira que tb tive o privilégio de ser sobrinha meio filha, de ter desfrutado de sua doce brilhante presença e de tê-la como referência de vida. Tenho muito orgulho de vc, dela e de toda nossa família.
I Love U, luliX
lucys teu blog está super chic e vc continua arrebentando nas fotos e nos fatos. arriscando passos e mergulhos profundos nas nossas almas rasas. planando entre a psicologia e a poesia. achando pérolas e pescadores nos relatos gratos de grandes ex-alunos dignos de grandes mestres como a queridíssima e saudosa professora Samira, que tive a sorte de chamar de mãe.volta e meia encontro e escuto só elogios e histórias muito bacanas de quem conviveu com ela numa sala de aula do tamanho do Brasil com todas as suas caras e quereres...

bjs do primo evandro
2 de Setembro de 2008 22:38

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Sensibilidade inteligentede Clarice Lispector

Pessoas que às vezes querem me elogiar chamam- me de inteligente. E ficam surpreendidas quando digo que ser inteligente não é meu ponto forte e que sou tão inteligente quanto qualquer pessoa. Pensam, então, inclusive que sou modesta.
É claro que tenho alguma inteligência: meus estudos o provaram, e várias situações das quais se sai por meio da inteligência também provaram. Além de que posso, como muitos, ler e entender alguns textos considerados difíceis.
Mas muitas vezes a minha chamada inteligência é tão pouca como se eu tivesse a mente cega. As pessoas que falam da minha inteligência estão na verdade confundindo inteligência com o que chamarei agora de sensibilidade inteligente. Esta sim, várias vezes tive ou tenho.
E, apesar de admirar a inteligência pura, acho mais importante, para viver e entender os outros, essa sensibilidade inteligente. Inteligentes são quase que a maioria das pessoas que conheço. E sensíveis também, capazes de sentir e de se comover. O que, suponho, eu uso quando escrevo, e nas minhas relações com amigos, é esse tipo de sensibilidade. Uso- a mesmo em ligeiros contatos com pessoas, cuja atmosfera tantas vezes capto imediatamente.
Suponho que este tipo de sensibilidade, uma que não só se comove como por assim dizer pensa sem ser com a cabeça, suponho que seja um dom. E, como um dom, pode ser abafado pela falta de uso ou aperfeiçoar- se com o uso. Tenho uma amiga, por exemplo, que além de inteligente, tem o dom da sensibilidade inteligente, e, por profissão, usa constantemente esse dom. O resultado então é que ela tem o que eu chamaria de coração inteligente em tão alto grau que a guia e guia os outros como verdadeiro radar.

Referência Bibliográfica
Lispector, Clarice, (1925- 1977) – A descoberta do mundo – Crônica: Sensibilidade inteligente (1968); Editora Nova Fronteira, 1984
REFLEXÕES

Quando penso que me recuperei totalmente, aparece uma outra coisa que me causa dores. Dificuldade de andar. Me sinto bem melhor do que há alguns meses atrás. Tanto fisicamente, quanto emocionalmente. Tenho sentido medo das minhas emoções. Elas são fortes e intensas e muitas vezes acabam me sufocando. Sinto uma necessidade de respirar livremente. Mas as amarras que com a idade criei, tornaram- se ciclos viciosos, cristalizados. As correntes que eu mesma criei e me prendi. Meu corpo uma prisão para minha alma. Quando não sinto dores, nem percebo que estou presa a este corpo. Mas quando chegam as dores, meu Deus, penso na libertação. Ainda não sei que tipo de atitude tomar para sair dessa situação. Estou andando, agradeço a Deus, mesmo a passos lentos. Vou me curar. Será que é possível afirmar com tanta convicção?

UTOPIA
A dimensão do humano.
Sentada à beira mar, respirando a abundância de oxigênio no ar, olhando para o infinito, pensando nas milhares de possibilidades. Na grandeza da natureza e do criador. Sinto a minha consciência ampliar. Diante de tal poder, constato o meu real tamanho frente a esse vasto universo.
Num belo momento, tudo parou, e aquela imagem do rosa no céu fixou-se, as nuvens ficaram estáticas, as ondas inertes, as pessoas paralisadas, não havia canto no ar, tudo como numa fotografia. Estático. Mas, aquele instante passou, as cores mudaram, os pássaros cantaram, as pessoas sorriram e caminharam. Dessa vez elas passaram a olhar no olho de cada pessoa que cruzavam, elas trocavam, não se escondiam mais no véu da correria. Elas podiam ser elas mesmas. Não precisavam ser profissionais, eram pessoas. As máscaras caíram, e a verdadeira face se revelou. Todos sentiam essa grande união fraternal. Faziam parte dessa mesma engrenagem. Comungavam e celebravam cada instante da vida. Agradeciam o simples ar que respiravam. Tinham lá suas diferenças, e aprendiam com tudo. Cada fato era um novo aprendizado, um novo olhar e cresciam, recriando-se sem parar...

Luciana Dau outubro de 2007
Flor de Poemas - Cecília Meireles
( Vaga Música )

Reinvenção
A vida só é possível
Reinventada.

Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas...
Ah! tudo bolhas
que vêm de fundas piscinas
de ilusionismo... – mais nada.

Mas a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.

Vem a lua, vem, retira
as algemas dos meus braços.
Projeto- me por espaços
cheios da tua Figura.
Tudo mentira! Mentira
da lua, na noite escura.

Não te encontro, não te alcanço...
Só – no tempo equilibrada,
desprendo- me do balanço
que além do tempo me leva.
Só – na treva,
fico: recebida e dada.

Porque a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.


Antologia Poética – Mario Quintana
(Apontamentos de História Sobrenatural)

O Auto- Retrato
No retrato que me faço
- traço a traço –
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore...

às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança...
ou coisas que nem existem
mas que um dia existirão...

e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco –
minha eterna semelhança,

no final, que restará?
Um desenho de criança...
Corrigido por um louco!

Jardim Interior

Todos os jardins deviam ser fechados,
com altos muros de um cinza muito pálido,
onde uma fonte
pudesse cantar
sozinha
entre o vermelho dos cravos.
O que mata um jardim não é mesmo
alguma ausência
nem o abandono...
O que mata um jardim é esse olhar vazio
de quem por eles passa indiferente.
13 de junho (1970)

DIVAGANDO SOBRE TOLICES
Clarice Lispector

Depois de esporádicas e perplexas meditações sobre o cosmos, cheguei a várias conclusões óbvias (o óbvio é muito importante: garante certa veracidade). Em primeiro lugar concluí que há o infinito, isto é, o infinito não é uma abstração matemática, mas algo que existe. Nós estamos tão longe de compreender o mundo que nossa cabeça não consegue raciocinar senão à base de finitos. Depois me ocorreu se o cosmos fosse finito, eu de novo teria um problema nas mãos: pois, depois do finito, o que começaria? Depois cheguei a conclusão, muito humilde minha, de que Deus é o infinito. Nessas minhas divagações também me dei conta do pouco que sabia, e isso resultou numa alegria: a da esperança. Explico-me: o pouco que sei não dá para compreender a vida, então a explicação está no que desconheço e que tenho a esperança de poder vir a conhecer um pouco mais.
O belo do infinito é que não existe um adjetivo sequer que se possa usar para defini-lo. Ele é, apenas isso: é. Nós nos ligamos ao infinito através do inconsciente. Nosso inconsciente é infinito.
O infinito não esmaga, pois em relação a ele não se pode sequer falar em grandeza ou mesmo em incomensurabilidade. O que se pode fazer é aderir ao infinito. Sei o que é o absoluto porque existo e sou relativa. Minha ignorância é realmente a minha esperança: não sei adjetivar. O que é uma segurança. A adjetivação é uma qualidade, e o inconsciente, como o infinito, não tem qualidades nem quantidades. Eu respiro o infinito. Olhando para o céu, fico tonta de mim mesma.
O absoluto é de uma beleza indescritível e inimaginável pela mente humana. Nós aspiramos essa beleza. O sentimento de beleza é o nosso elo com o infinito. É o modo como podemos aderir a ele. Há momentos, embora raros, em que a existência do infinito é tão presente que temos uma sensação de vertigem. O infinito é um vir-a-ser. É sempre o presente, indivisível pelo tempo. Infinito é o tempo. Espaço e tempo são a mesma coisa. Que pena eu não entender de física e matemática para poder, nessa minha divagação gratuita, pensar melhor e ter o vocabulário adequado para a transmissão do que sinto.
Espanta-me a nossa fertilidade: o homem chegou com os séculos a dividir o tempo em estações do ano. Chegou mesmo a tentar dividir o infinito em dias, meses, anos, pois o infinito pode constranger muito e confranger o coração. E, diante da angústia, trazemos o infinito até o âmbito de nossa consciência e o organizamos em forma humana simplificada. Sem essa forma ou outra qualquer de organização, nosso consciente teria uma vertigem perigosa como a loucura. Ao mesmo tempo, para a mente humana, é uma fonte de prazer a eternidade do infinito: nós, sem entendê-lo, compreendemos. E, sem entender, vivemos. Nossa vida é apenas um modo do infinito. Ou melhor: o infinito não tem modos. Qual a forma mais adequada para que o consciente açambarque o infinito? Pois quanto ao inconsciente, como já foi dito, este o admite pela simples razão de também sê-lo. Será que entenderíamos melhor o infinito se desenhássemos um círculo? Errei. O círculo é uma forma perfeita mas que pertence à nossa mente humana, restrita pela sua própria natureza. Pois na verdade até o círculo seria um adjetivo inútil para o infinito. Um dos equívocos naturais nossos é achar que, a partir de nós, é o infinito. Nós não conseguimos pensar no existo sem tomarmos como ponto de vista o a partir de nós.
Para falar a verdade, já me perdi e nem sei mais do que estou falando. Bem, tenho mais o que fazer do que escrever tolices sobre o infinito. É, por exemplo, hora do almoço e a empregada avisou que já está servido. Era mesmo tempo de parar.

Referência bibliográfica

Lispector, Clarisse 1984 A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 449-451.



Foi tudo muito rápido
de Luciana Dau @ 2007


Foi tudo muito rápido!!!

Não deu tempo para nada! Se eu tivesse tido tempo, faria diferença? Será que eu não estava acordada de fato? Dormia confortavelmente na idéia de eternidade. Tolinha, pensei comigo. Agora é tarde. Não dá mais para dormir no ponto. Fiquei parada, paralisada, chocada com o que aconteceu. Uma mudança brusca! A presença não se faz mais presente. Passou...e o que ficou disso tudo. Lembranças, Recordações...

Foi tudo muito rápido!!!

Será que seria diferente se eu estivesse consciente do fato, da fatalidade, do inexorável, da finitude de tudo? Como dói o triste adeus!

E o livro se fez depois do verbo.

Acordei um pouco melancólica, sonhei com a minha babá, senti saudades, uma enorme dor no peito. Rezei para ela e para mim. Apesar de tanto tempo distante, como sua presença se fez carne. Compensação de Deus, da Vida!? Ele dá e tira. Mas está lá, dentro de mim, nas minhas imagens mentais, nas minhas sensações corporais. Pode ser um presente.
Modo contínuo de ser... Lidar com o impermanente. A instabilidade constante. Esse é o princípio de tudo.

Saudades de todos vocês, são muitas pessoas queridas e amadas. Preencho o vazio com as minhas memórias. Construir histórias e ter lembranças. Sonhar, escrever, descrever os fatos, dialogar com vários interlocutores que podem gostar, se identificar ou mesmo achar ruim. E daí?

Sempre tem alguém para admirar.
Em algum lugar eu vou me encontrar,
te encontrar.
Na contra mão,
você estende a mão
e eu sinto um enorme aperto no coração!

Doce ilusão,
e o medo da solidão.

Devaneios,
tempestade,
ansiedade,
destruição.

Dos amigos,
a mão,
a compreensão.


Luciana Dau 1999
O silêncio e a comunicação




No silêncio podemos encontrar muitas formas de comunicação. Quando nós calamos a mente, abrimos caminho para sentir o corpo, para ouvir novos e nossos sons. A nossa respiração muitas vezes passa completamente despercebida. Não notamos se estamos ofegantes ou suaves. Não escutamos as batidas do nosso coração. E mesmos os sons externos. Quantos sons passam despercebidos?
O “trânsito” da mente, que tudo pergunta e tudo quer saber, bloqueia muitas percepções, comunicações. Por quê precisamos de referências tão concretas para determinarmos o sentido de todas as coisas? A mente criou esses conceitos, confusões, fantasmas e aberrações. Cristalizamos uma forma de ver, sentir e agir. Perdemos o olhar infantil, do novo. Com simplicidade e humildade diante da nossa ignorância, podemos ampliar nossas possibilidades. Escutar o silêncio.
Por várias razões, nós só ouvimos aquilo que nos interessa. Perdemos inúmeras oportunidades de entrarmos em contato com novas mensagens, que são fundamentais para compreensão de nós mesmos e do mundo a nossa volta.
Como é difícil ficar, estar em silêncio. Será o medo da solidão? Da morte? Do vazio e da inexistência de todas as coisas? Será que o silêncio é a ausência total ?
O silêncio é comunicação. Um simples olhar pode nos revelar muitas coisas, e no entanto, não abrimos a boca. Quando paramos um minuto e ouvimos o nosso coração, quantas coisas ele nos mostra sobre nós mesmos e como nos relacionamos com o mundo .
A ansiedade é um dos fatores responsáveis por esse barulho mental. As vezes nem sabemos por que estamos ansiosos . A necessidade de falar e de ser eficiente , cria verdadeiras camadas de proteção que nos insensibilizam. Acabamos anestesiados e viciados. O espaço para o inesperado é praticamente inadmissível, porque ficamos presos e acomodados ao conhecido.
Se nos abrirmos para essa outra forma de comunicação, quantas revelações poderão surgir? Quantas novidades! Esclarecimentos poderiam acontecer, inspirações poderiam brotar! E quem sabe, mais felizes e integrados nós poderíamos estar!
O ser fica condicionado, mecanizado. Não ouve e não escuta com o seu próprio ouvido. Escuta muitas vezes com o ouvido do outro, da família, da sociedade. Perdemos de vista a nossa própria escuta. Ouvir o silêncio, é abrir caminho para o nosso amadurecimento e crescimento. Para a possibilidade de nos dimensionarmos melhor no universo, criando assim um mundo mais harmonioso e cheio de possibilidades: um mundo criativo.
O ser criativo é ser gerador contínuo de novidades, compreensões e soluções. Ele sempre vai em busca de uma nova forma de interagir com a vida, tornando- a mais prazerosa e única a sua existência.


Luciana Dau 1999
A revolução interior


A grande luta do homem é ele mesmo. Enquanto não entrarmos em contato com os nossos mais íntimos sentimentos, não olharmos de frente para nós mesmos, perguntando quem somos, para que viemos ao mundo, o que podemos fazer para transformar nossas vidas, nossos desejos, sonhos, anseios e ansiedades, não realizaremos a verdadeira revolução: a revolução interior.
Como mudar o mundo, se somos incapazes de nos transformar? As religiões, os partidos políticos, as instituições procuram dogmatizar a vida, esquecendo que o homem é um ser com infinitas possibilidades e que tudo está em movimento. Que nada é igual para sempre. “Prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo...”
Desde sempre o homem é construção e destruição. E assim continua caminhando a humanidade, criando e recriando, se revelando a cada instante. Esse processo é inerente a vida, faz parte da evolução. Vida e morte, dentro e fora em constante interação. Precisamos aceitar e aprender a viver nossas contradições.
Na teologia da libertação, Leonardo Boff propõe uma democracia ecológico- social- cósmica. Onde o ser humano é parte da natureza e da bioesfera. E que “a lei que comandou o processo da constituição dos ecossistemas não foi a luta pela sobrevivência do mais forte, mas o imenso processo sinergético, baseado na colaboração e na solidariedade entre os seres.”
Me parece que ele não aceita a ambigüidade humana, suas inconscientes sutilezas e embates internos. Se não nos aceitarmos, como aceitar a vida e seu conjunto macro? Como se sentir integrado com o todo, se por dentro estamos despedaçados? Se não aprendermos a lidar e aceitar as coisas que não gostamos em nós e na vida, como a morte, a doença e a violência, continuaremos nos drogando com todas as formas de repressão: remédios, doutrinas, religiões, televisão para anestesiarmos o coração. E fingir que temos apenas bons sentimentos.
É o dentro e o fora se articulando sem parar. Nós é que separamos essas realidades, que parecem tão diferentes e no entanto, são a mesma. Todos nós abrigamos o bem e o mal. O que diferencia o ser humano dos outros seres vivos é a consciência, a criatividade, a ética e a forma com que ele irá articular e atribuir valor aos diversos aspectos de sua natureza interna e externa.
Aonde se ancora a ética? Ela se confunde com religião? Qual a diferença entre ética e religião? Refletindo sobre o assunto, procurei olhar a ética pelo ângulo da consciência e não da erudição.
A consciência do ser, cheio de possibilidades, que habita o planeta terra e faz parte de um todo maior. Inserido dentro do universo, vivendo o mistério da vida e da morte. Amando e odiando. Se lapidando ou não. Agarrando a oportunidade de estar vivo e interagindo com tudo. Aprendendo a cada instante. Procurando encontrar o sentido da própria existência e a harmonia entre os seres. Isso me parece ética.
Ter ética é ter princípios. Princípios esses que se originam na convivência, das relações do bem viver. Na confiança, no respeito, na liberdade, no limite. E não na moral, o pilar da religião.
Na ética você se responsabiliza pelos seus atos, na moral você se culpa e desculpa suas atitudes. Na ética existe o compromisso, na moral a obrigação. Na ética se vive as verdades, na moral você impõe uma verdade.
Ética é libertação, se fundamenta na consciência. Já a moral é prisão e sua base a escravidão.
Essas foram algumas considerações...

Rio de janeiro, 29 de junho de 2000 de Luciana Dau
Elogio a Ismael Nery

Eu sou a que segue os passos do profeta,
Eu sou aquela que fala, mas ninguém ouve.
Eu sou a filha que Ismael não teve.
Eu sou o tempo...
Com meu espírito eu canto o canto dos poetas.
Da inspiração que transborda de Ismael, eu sou Luz.
Eu sou aquela que toca e se retoca, as telas da minha imaginação.
Eu sou duas, eu sou mulher, eu sou homem,
Eu sou três,
Eu sou o que eu quiser,
Eu sou uma multidão,
Eu sou uma linha, eu me formo e transformo.
Eu sou a mãe, eu sou a filha de Ismael Nery!
Eles não crêem!
Eu sou o choro do filho.
Eu sou a alegria do sol.
Eu sou tudo e todos, eu não sou ninguém!
Eu sou um círculo quadrado, triangular transparente.
Eu sou o céu e o mar,
O seu olhar, o meu olhar.
Eu também, as vezes não gosto de mim.
“Mas eu só gosto de mim e de quem gosta de mim.”


de Maria Nery a filha que Ismael não teve 15/07/2000
@

Essa necessidade visceral,
quase sexual de me expressar para o mundo.
Essa busca incessante de mim mesma.
Da compreensão da vida.
De vê- la de maneira poética
e muitas vezes me deparar com uma realidade extremamente dura
e triste.
Vivo num país pobre, recessivo, corrompido.
Vivo também num país rico,
naturalmente criativo,
de gente alegre,
Com fé, força e muitas raças.
Vejo homens mesquinhos,
Vejo Collors, mas
vejo Betinhos,
Vejo Santos e Marinhos,
e fico cada dia mais radical .
Choro,
fico triste.

Digo Não A Violência!!!
Digo Não A Miséria!!!
Digo Não A Inflação!!!

O medo.
O sexo.
A aids.
A morte
A Vida
em vão
ou
não
De que vale
então
se
não tiver
TESÃO
S O S
Onde coloco meu tesão.
Segura a minha mão, coração!
Bate então aflito, nervoso e triste.
“ A minha alegria atravessou o mar...”
e eu queria saber aonde ela vai ancorar?



Transformação,
mudança,
dinâmica,
vida,
eterno,
enterro.
Não há tempo
para sermos infelizes.
Somos potencialmente felizes.
A Vida,
A cor,
A dor,
A flor,
A mão,
O Pai,
A Mãe,
O Filho,
O Espírito,
O Santo,
O diabo,
A gula,
A fama,
A grana,
Um verdadeiro drama.
3o ato,
3o milênio,
Final dos tempos
Nova Era
“De gente fina, elegante e sincera...’

A mente aberta
alerta
O coração quente
A consciência
A confusão
A dispersão
Típico animal
Um ser dual
Não há nada igual
etc e tal.
Que tal, heim?
Fica bem assim?
Não está marcando demais?
Talvez um pouco indecente.
Eu deveria ousar mais, né?!

Sonho com seu pau
entre as minhas carnudas coxas,
suas mãos nos meus seios,
sua boca na minha,
minha boca no seu pau,
sua boca, sua língua na minha genital.
Seu suor,
sua respiração,
seu olhar,
seu calor,
uma rosa com amor,
e uma rima que não tem mais fim....
Atchim.
Luciana Dau 1995

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Lua adversa
Cecília Meireles

Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha

Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.

E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...

Março/2001

Fantásticas
Fantasias
De fantasmas pensantes
Parece que existem
E quando chega perto
Vaza, vazio.

L. Dau
Faço contorcionismos mentais,
malabaris astrais,
palhaçadas monumentais.

Ando na corda bamba
e tento não cair na lama.
Penso logo num samba.


Luciana Dau 2002
Aonde foi que tudo começou?

Fragmentos de sonhos perdidos.
Rupturas, perdas,
e o que passou, passou...

Quebra - cabeça,
queima neurônios,
a cannabis sativa.

Aonde foi que tudo começou?

Estardalhaço no meu coração.
Vias expressas,
veias expostas,
pra quê tanta pressa?!

Aonde foi que tudo começou?

No verbo,
carrego e descarrego
essa história que o homem inventou
e disse que Deus criou.

Das cavernas
Traços de caça.
Do pomar,
o lar.
E a Grande Mãe,
como Deusa.

Aonde foi que tudo começou?

Da costela,
Eva de Adão.

Espermatozóides,
óvulo,
fecundação.

O buraco negro.
O Big Bang,
e a grande explosão.

Aonde foi que tudo começou?


Luciana Dau @ 2002




A PÉROLA E A OSTRA

A pérola nasce da ostra
E a ostra?
Do oceano de Deus
Assim como tu e eu
Tuyuyus, araras e fariseus
A ostra e eu...
Oceano Atlântico, Mar Morto e Mar Egeu

E eu?
Uma pérola,
uma jóia em extinção.

Luciana Dau 2000

A Coisa



Quero falar sobre “A Coisa”.
A coisa pode ser tudo, inclusive eu e você.
Por exemplo, você é uma coisa maravilhosa!
Uma coisa rica, cheia de coisas interessantes.
Ou então, eu fiz uma coisa horrível.
Nossa! Que coisa estranha, essa coisa que você está escrevendo!!!
Você acha mesmo que está dizendo alguma coisa nova?
São coisas interessantes que dizem tudo e não dizem nada a respeito das coisas.
Mas que coisas são essas? Coisas da vida!
Eu não falo coisa com coisa.
Tira essa coisa daqui, essa coisa pega!
É uma coisa que dá da cabeça aos pés.
Coisa de maluco, decifrar o enigma das coisas.
Eu não faço coisa com coisa.
E lá vai a coisa...
Pensando que está fazendo alguma coisa.
Quanto mais específica a coisa, mais complicada a coisa fica.
Vou tentar falar de outras coisas.
O miolo da coisa ou a coisa em si.
Sonhei que a coisa era verde, grande, parecia uma montanha, mas quando chegava perto, a
coisa mudava de cor e ficava pequena como um grão de areia. De repente, a coisa virou um
amontoado de coisas velhas e tristes. Decidi fazer alguma coisa. Lavei coisa por coisa,
depois, escolhi as coisas que queria, e as outras coisas queimei. A coisa ficou preta!
Vi o céu, com um monte de coisas brilhantes. Pensei em quantas coisas eu poderia fazer na
vida. Poderia não fazer nada, apenas contemplar essas coisas lindas do universo. Desmaiei.
Quando acordei, as coisas pareciam mais claras para mim.
E a coisa continua...

19 de dezembro de 2000

de Luciana Dau

A UM AUSENTE



Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Atencipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.

Carlos Drummond de Andrade
Obras completas p.1405-1406

luliX pandaglia - artista móvel
Por que me intitulo dessa forma?
Através do meu telefone celular, me descobri um tipo de artista gráfica, multimídia. Comecei fazendo umas fotos, interferindo nelas, com os recursos gráficos disponíveis no celular, inserindo textos próprios, de alguns autores consagrados, trilha sonora e textos falados por mim. É uma forma de expressão espontânea tecnológica, virtual, totalmente conectada com os dias de hoje, com o Sec. XXI. A cada descoberta e criação, percebia a influência de um artista. O mais significativo para mim foi o Andy Warhol, o pai da Pop Art.
Imagens, textos, sons móveis, instantâneos, espontâneos, e provavelmente, descartáveis, mas sempre com a possibilidade de armazenamento digital, ou seja, compossibilidade permanência e registro.

Podemos através dessa incrível tecnologia móvel, fazer arte, criar, afetar e ser afetado, despertar e ser despertado: brincar, educar. Uma outra estética: a do celular. Qualquer um que possua um aparelho que tenha função multimídia pode receber essa forma de arte, e de graça. Tanto as operadoras quanto os fabricantes desses aparelhos poderiam bancar e incentivar esse tipo de iniciativa artística.
Assim como Galileu e Freud, a tecnologia também marcou um novo paradigma que mudou radicalmente a forma de nos relacionarmos com as pessoas e com o mundo. Quantos benefícios graças a essas tecnologias. O computador que permitiu que mapeássemos o nosso DNA, as novas drogas que possibilitam o prolongamento de nossas vidas. Clonamos! Pesquisamos células tronco, com o intuito de transplantarmos órgãos, com compatibilidade total. Isto é incrível! Algo nunca visto pela humanidade.

Com o computador e a internet, rompemos as barreiras do tempo e espaço. Podemos nos comunicar com qualquer pessoa no mundo que possua um aparelho conectado na rede. E o celular atualmente já desempenha o papel de computador pequeno e móvel, o que facilita muito a nossa vida corrida, urbana e globalizada. Mesmo quem mora fora dos centros urbanos, também tem disponível essa tecnologia que os aproximam, que nos aproximam uns dos outros. Aproximação intensa entre as pessoas.
Essas foram algumas reflexões que me motivaram a desenvolver esse projeto intitulado arte móvel: Imagens móveis, poemas móveis, Cel. de poemas ou cutucarte. O celular, o computador, a comunicação, a arte, o conhecimento e o afeto a serviço da evolução dos seres humanos.

Uma breve reflexão sobre essas duas frases:

1- “A única coisa fixa que eu tenho na vida é o celular.”
2- “Quando estava presa em casa doente, ganhei mobilidade com o computador.”

Essas duas frases escancaram as nossas contradições. Revelam o quanto nada é absoluto, fechado ou seguro. Os múltiplos significados de uma mesma coisa.
A estabilidade encerra em si mesmo a noção de instabilidade. Esse paradoxo revela a impermanência das coisas, a vida em constante mutação... Por isso, temos tanta necessidade de controlar a vida, mas ela nos escapa, “escorre pelas mãos”.
Como pensar a nova tecnologia móvel, o celular, que levamos para qualquer lugar, como a única coisa fixa na vida de uma pessoa? O que é fixo não muda.?!
O telefone celular pode significar para alguém, segurança, solidez, permanência, eternidade. Pode também representar a alegria de falar com as pessoas que amamos, possibilitando a ilusão de controle e de posse.
A princípio essa frase pode soar estranha, sem nexo ou coerência. Ela descortina o nosso medo diante das mudanças da vida, a necessidade de segurança. Medo da morte, da dor, doença, velhice e impotência diante dela. A angústia de viver nossos conflitos e miséria humana.
O celular é um objeto inanimado, “cheio de vida”, que não tem sentimentos, arroubos e complicações. Podemos ouvir através dele uma série de pessoas com histórias alegres ou tristes, receber todo tipo de notícia. Mas, um aparelho não ri, chora, agride ou morre. Ele quebra, tem conserto, e se não tem, é facilmente substituído por outro, mas uma pessoa não.
Através dele nos comunicamos a qualquer hora, nos lugares mais inusitados, invadindo os espaços públicos, com conversas privadas. Essa genial engenhoca facilita e agiliza ainda mais a nossa vida, permitindo receber e transmitir qualquer tipo de informação, sem hora e local marcados.
O celular também significa status, poder. Somos controlados e controlamos o tempo todo. Poderemos atribuir um grande valor, dependendo da relação que estabelecemos com ele.
Vivemos num país em que o sonho da casa própria está cada vez mais distante. Já o telefone celular próprio, pelo contrário, cada dia que passa, mais pessoas possuem esse aparelho, dando a idéia de que somos donos de alguma coisa importante, concreta e fixa na vida.
A maior parte das pessoas não sabem e não se interessam em conhecer outros recursos disponíveis nesses aparelhos. Se nós soubéssemos utilizar melhor essa tecnologia, certamente faríamos outras escolhas no celular. A partir desse conhecimento prático temos a possibilidade de criarmos formas de expressão mais afetivas, divertidas: multimídia. Suavizamos, despertamos, trocamos através dessa jovem tecnologia móvel, nossa impressões, sensações, emoções, pensamentos, enfim uma série de manifestações.

Proponho uma Campanha de arte no telefone celular, móvel para incentivar esse tipo de comunicação afetiva e exercício da criatividade. Esse aparelhinho pode ser tb uma excelente ferramente para educação, pelo fato de poder acessar a internet. Esse tipo de iniciativa, com crianças e adolescentes é uma maneira de formar consumidores mais preparados, exigentes e criativos. Que possam escolher aquele aparelho que lhe é mais conveniente, atendendo assim as suas necessidades.
Essas são algumas questões em aberto para continuarmos a pensar a respeito dessa nova tecnologia, e seus efeitos sobre a vida de todos nós.
A segunda frase: “Quando estava presa em casa doente, ganhei mobilidade com o computador.”, explicita a versatilidade de um aparelho fixo, que possibilita criar, escrever/reescrever, copiar/colar, deletar, voltar, desenhar, fazer planilhas, contar, trocar informações pelo ciberespaço, falando com pessoas, amigos, família em qualquer lugar do planeta. Visitamos museus virtuais, pagamos contas, pesquisamos em bibliotecas e instituições online, bate- papos, namoro, sexo e etc. e tal...
“Eles – esses recursos e discursos - instauram uma nova lógica: a lógica do excesso, da integração, da interação, do raciocínio ágil, da velocidade, do autodidatismo, da ajuda mútua à distância, da colaboração, da informação sem propriedade, do acesso fácil a qualquer tipo de informação, da ausência de censura, da ausência de controle central, da democracia, da ruptura de barreiras e fronteiras, etc.”1
O universo virtual é ilimitado, vasto, sem fronteiras e regras, onde tudo é permitido. Viajamos pelos mais variados lugares, sites, sem sair do lugar. Isso realmente é impressionante. Recebemos informações a cada minuto. Essa incrível máquina transformou radicalmente o mundo, a noção de tempo, os relacionamentos, o entretenimento, a educação, entre muitas outras coisas que ainda não sabemos.
Estamos vivendo uma outra “ordem mundial”, o conceito de tempo mudou, o sentido de linearidade acabou. Atualmente o tempo é dividido entre o “real” e o “virtual”.
“A modernidade, fundada pela Razão, estabelece mecanismos de controle para que as paixões não governem as ações humanas, para que o homem, racionalmente, organize o mundo e a natureza. Esse modelo entra gradativamente em colapso, instalando uma crise de paradigma na contemporaneidade.” 2
Após a Segunda Guerra (1939- 1945), a sociedade ocidental viveu acontecimentos jamais vistos, inéditos como: a Guerra Fria, o computador, os veículos de comunicação de massa, a sociedade de consumo, o crescimento das grandes redes de auto- estrada e o advento da cultura do automóvel – Estes são alguns traços que pareciam demarcar uma ruptura radical com a antiquada sociedade anterior a guerra.
A década de 60, sob vários aspectos, promoveu o nascimento da pós- modernidade, que estava estreitamente relacionada à emergência dessa nova fase do capitalismo avançado, multinacional e de consumo.
Destacarei alguns traços característicos da pós- modernidade segundo Fredric Jameson (texto “ Pós- Modernidade e Sociedade de Consumo”3): Reações específicas a formas canônicas da modernidade, desgaste das fronteiras que demarcam a diferença entre cultura erudita e cultura popular, dissolução de fronteiras entre as disciplinas ( textos teóricos interdisciplinares, exemplo Michel Foucault), emergência da sociedade pós- industrial (a sociedade das mídias, do espetáculo, do capitalismo multinacional, a sociedade de consumo), o pastiche (mimetismo de outros estilos, paródia que perdeu o senso de humor), a Morte do sujeito ( o fim do individualismo como tal, na sociedade dos mídias, tudo é compartilhado), a moda Retrô, a transformação da realidade em imagens e a fragmentação do tempo em uma série de presentes perpétuos (uma relação esquizofrênica com a realidade).
Antigamente o homem era submetido às leis divinas, a partir da modernidade passamos a ser responsáveis e sujeitos. Com o desenvolvimento da genética e com a clonagem humana, nos tornamos criadores. Se antes éramos criaturas, hoje somos criadores e criaturas prepotentes. Não sabemos aonde isso tudo irá nos levar, mas temos consciência de que jamais seremos os mesmos, que o passado fica realmente muito distante de nós. Não dá para pensar a vida e o homem pós- moderno com a mesma visão do homem moderno. Somos seres desamparados, atravessados pelas descobertas irreversíveis da ciência.
Finalizando a segunda frase, falando dos benefícios dessa maravilhosa invenção. O computador foi um instrumento fundamental na minha recuperação, um importante co-terapeuta. Permitiu-me criar textos, desabafar, aprender e ter prazer em viajar pelo universo online. Ajudou-me a colher dados e a me filiar a fundações internacionais que pesquisam a respeito dessa moléstia a qual tinha sido diagnosticada: doença de Crohn. O fato de ser desconhecida, rara e de não ter ainda uma cura, me deixou completamente assustada e preocupada. Mas o esclarecimento que tive através do contato com essas instituições e com pessoas portadoras da mesma enfermidade também contribuiu intensamente na minha recuperação, assim como, descobrir o prazer de “navegar em mares nunca dantes navegados”, sem precisar sair de casa.


Bibliografia:

1- NICOLACI-DA-COSTA, Ana Maria. Na malha da rede: os impactos íntimos da internet, Rio de Janeiro, Campus, 1998.

2- LONGO, Leila. “Da modernidade à pós- modernidade” , Rio de Janeiro, Universidade Santa Úrsula. S/ data.

3- JAMESON, Fredric. “Pós- modernidade e sociedade de consumo”, New Left Review, n° 146, julho- agosto, 1984.