Intrigados com o seu sumiço, amigos e familiares de Theodora contrataram um detetive Paraguaio chamado Pablo D`imitaccionne que morava há 30 anos na Itália, para tentar descobrir o paradeiro dessa impressionante mulher.
A investigação de Pablo começou pela Fontana Di Trevi, pois o destino acabara de colocar na estação da rádio de seu carro uma inusitada notícia.
"Na madrugada de 3 de outubro, várias pessoas ouviram uma exuberante e bem vestida mulher cantando e dançando Last Dance. Diziam que era uma voz fenomenal, envolvente, cativante e não parecia com a da Donna Summer. De longe parecia uma Callas Pop pós-tudo. Contaram que uns clarões pipocaram diversas vezes no céu de Roma, com cores vivas e intensas como Theodora. Um clima, um astral, uma energia diferente espalhou-se por toda a redondeza. As pessoas que de alguma forma presenciaram o fato, comentavam que havia uma aura no ar de alegria, amor e celebração. E essa força foi tão avassaladora e penetrante que todos que a escutavam, começaram a dançar e a cantar em uníssono. Até Bento acordou, calçou as sandálias da humildade Salvatore Ferragamo e encaminhou-se para o Jardim suspenso do Vaticano. Não suportou tanta tentação, foi o único que dormiu e muito menos riu ou se divertiu.
Foi um espetáculo no mínimo diferente e misterioso demais para se pensar sobre, era algo para ser vivido com toda intensidade que saía pelos poros sonoros dessa Divina Diva solitária. Quem viu e ouviu envolveu-se a tal ponto que Theodora não importava mais, mas aquilo que ela estava despertando nas pessoas. O desejo de cantar, dançar, amar, celebrar a vida. Era um não a solidão, um convite ao encontro. E quando percebeu que havia conseguido o que mais queria, tocar o coração das pessoas, Theodora repentinamente desapareceu."
Pablo deliciava-se ao escutar tal notícia e pensava "como gostaria de ter conhecido essa mulher e de ter tido a oportunidade de ter sido invadido por sentimentos tão fortes e intensos." A vida de Pablo era crua e nua demais. Esse divino caso era um desafio poético e tentador para esse Romano Paraguaio, muito diferente de tudo que ele havia visto e vivido. D`Imitaccionne já estava exausto daqueles clássicos casos de traição. a solução dessa história poderia ser a sua salvação como detetive de verdade. "Ñon mas paraguayo", mas um Romano autêntico!
Quando chegou na Fontana di Trevi viu um monte de carros da polícia. Vários agentes internacionais, FBI, KGB, Fucker and sucker entre outros que foram convidados para tentar esclarecer esse fantástico evento Romano chamado Theodora Speranza. Caminhando e observando cada detalhe do lugar, de repente, Pablo tropeçou numa linda sandália prada prata velha, com brilhos delicados na fivela. Olhou para todos os lados, para ter certeza de quem ninguém tinha visto o seu grande achado, mas ainda faltava o outro pé, e é lógico a própria Theodora. O que D'Imitaccionne faria com aquele delicado objeto do desejo? Correu para o seu carro e saiu triunfante com um pé da sandália de Theodora. Parou no sinal e ficou olhando aquela linda peça, adorando e imaginando como deveriam ser lindos e delicados os pés dessa Deusa bacante, cantante, dançante. Ele já estava completamente encantado por ela, mas agora, de posse da sandália de Theodora, Pablo sentia sua presença mais evidente, presente. (Continua...)
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