Carta- manifesto: O exílio da recessão
Rio, 12 de abril de 1997
Quantos já não partiram forçados pela violência política!
1997
Brasil
Quem são esses exilados de hoje?
Aqueles que largam as suas cidades, famílias, amigos e país em busca de uma vida melhor “por livre espontânea pressão, por falta de respeito, trabalho e dinheiro.
Pressão da recessão!
E quanta decepção!!!
Somos os sem- terra, os meninos(as) de rua, os miseráveis filhos do capitalismo selvagem, da impunidade, falta de oportunidade, de um sistema caduco, precário, mal remunerado e despreparado de educação e saúde.
Que país é esse?
Como é duro viver e assistir a esse espetáculo mesquinho, cruel e perverso que é o nosso sistema brasileiro. Corrompido dos pés a cabeça.
Quanta dor!
Enquanto Olga Prestes e outros, Caetano, Darcy e outros foram obrigados pela força do autoritarismo militar a saírem do país. Nós somos obrigados pela falta absoluta de tudo e principalmente pela falta de respeito total pelo ser humano a nos exilarmos voluntariamente.
Miseráveis delinqüentes do mundo dos negócios, e essa mentalidade emergente de vida reduziu- se ao dinheiro: a pobreza total de espírito.
Aonde está a verdade, a solidariedade, a unidade, o amor, a vida, a natureza, a arte, a ciência, a educação e a saúde??? Todos nós merecemos respeito, trabalho digno, educação, saúde, casa, comida e divertimento.
SOS BRASIL
Não percam seu filhos, filhos da política corrupta!
Dêem de fato exemplos de vida. Com atitudes e não com palavras. Justiça de fato e atos!!!
Precisamos nos reformular inteiramente. Como sediar uma olimpíada sem a menor infra- estrutura para nós mesmos, quiçá para os gringos. Vamos arrumar e cuidar da nossa casa e de nossos filhos brasileiros, que somos todos nós juntos, sem paternalismo. A consciência da cidadania. Obrigada Betinho por você existir, resistir a esse sistema doente e continuar lutando saudavelmente junto com tantas outras pessoas conscientes e prestadoras de serviços voluntários fundamentais para reconstrução, ou melhor, para verdadeira construção de uma nação com “N” maiúsculo. Brasil com S de saúde, solidariedade, social- democracia e não com Z de zebra, de zero a esquerda, de zona e zombaria.
Brasil eu vou, mas eu volto cantando “...Eu voltei agora para ficar, porque aqui, aqui é meu lugar...”! ... Brasil pátria amada e idolatrada...”Rio eu te amo! Até a volta.
Deixo saudades desde já!!!
Miss Saigon
P/ os íntimos Mme Butterfly
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